Nos últimos anos, a transformação digital tem sido vista como inevitável em várias áreas da sociedade. Lojas físicas que criam e-commerces, programas de TV abertos que vão para o YouTube, universidades com aprendizagem à distância, trabalho remoto, tecnologia gradualmente transformando o mundo físico em virtual. Mas no primeiro semestre de 2020, a transformação foi súbita.
Com o novo coronavírus e a necessidade de isolamento social, a sociedade teve de se reinventar para combater a pandemia e continuar o trabalho, os estudos e o lazer, agora remotamente. Além dos desafios durante o isolamento, grande parte da mudança será mantida após o regresso à normalidade.
Neste cenário de mudança, começam a surgir novos desafios para esta nova sociedade que atravessa uma pandemia e só se conecta remotamente. A tecnologia é mostrada como o principal fator para o desenvolvimento de soluções para esta nova realidade, como nos seguintes pontos.
1. Vacinas e tratamentos
Desde o início da propagação do vírus, universidades e empresas em todo o mundo começaram a pesquisar para o combater. Apenas 48 horas após o primeiro caso confirmado no Brasil, investigadores da Universidade de São Paulo conseguiram sequenciar o genoma do vírus usando a tecnologia chamada MinION, sendo um marco importante para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos.
Outro tratamento-chave é o uso do respirador, que ajuda doentes com complicações graves da doença hospitalizada nas ICUs. Com novos protótipos rápidos e tecnologias eletrónicas, como impressoras 3D, é possível construir protótipos de equipamentos e peças sobressalentes em poucos dias.
2. Partilhar informações sobre a pandemia
A divulgação da informação por parte das agências de saúde é essencial para abordar a pandemia. O Ministério da Saúde lançou uma aplicação para ajudar a população na prevenção e combate ao vírus. É possível responder a perguntas para um diagnóstico sobre a doença, conhecer os sintomas e receber notícias e recomendações. Pode aceder à aplicação a partir do site do Ministério.
3. Rastreio de pessoas infetadas e acompanhamento do isolamento social
Numa parceria entre a Google e a Apple, as maiores fabricantes de smartphones do mundo, foi desenvolvida uma ferramenta para acompanhar o contacto de pessoas infetadas com a Covid-19. A partir de software sobre os milhares de milhões de dispositivos Android e iOS, pode registar-se constantemente se outro dispositivo estiver por perto. Assim, é possível mapear a rede de pessoas que estiveram em contacto recente com um infetado e tomar medidas de isolamento que impeçam a propagação.
Também a partir dos dados do smartphone, o governo estabeleceu uma parceria com operadores móveis para monitorizar os utilizadores para a política de isolamento social. A partir da localização gps do dispositivo, é possível verificar se o utilizador permaneceu em casa, respeitando a política de isolamento social. Com estes dados, é possível criar a taxa de isolamento social e medir a adesão da população à recomendação.
4. Comunicação e Ligação
Sem contacto presencial, as ferramentas de comunicação à distância tiveram um enorme aumento de utilização, especialmente para o trabalho remoto e a educação à distância. Um software de videoconferência atingiu a marca de 200 milhões de utilizadores diários na pandemia, tendo apenas 10 milhões antes do isolamento. As ações da empresa mais do que duplicaram de valor desde fevereiro.
O WhatsApp, que relatou um aumento de 40% no seu uso e já é usado por milhões de brasileiros para trocar mensagens, também está a ajudar. A maioria das empresas e profissionais que tiveram de fechar as portas dos seus estabelecimentos por causa da pandemia continuam a usar a famosa aplicação para servir os seus clientes. Na sequência deste movimento, existe uma aplicação disponível para facilitar esta pesquisa por profissionais e empresas que servem pelo WhatsApp de acordo com a localização.
5. Entretenimento
Sem festas, concertos e jogos de futebol, o entretenimento tornou-se inteiramente digital. Bandas e artistas estão a chegar a milhões de pessoas com streams ao vivo de espetáculos por plataformas de streaming como o YouTube.
As transmissões desportivas foram substituídas por desportos eletrónicos, em que os atletas competem em videojogos em equipas como o Flamengo e o Santos no jogo League of Legends, por exemplo.
Museus de todo o mundo forneceram visitas virtuais de software em que o utilizador pode explorar as obras e atrações por computador ou smartphone.
Ainda não se sabe até que ponto a sociedade estará no isolamento social. Mas podemos ter a certeza de que a nova realidade será permanentemente impactada